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Reportagem que fiz para o Link em 12/01/2009, durante o conflito entre Israel e Palestina.

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Link - 17/9/2012
Capa: iPhone 5
• Uma pausa na revolução
Coluna| Impressão digital (Alexandre Matias)
• Sem Jobs, volta a ser uma empresa como as outras
Homem-objeto
• Velozes e tediosos
Estopim
• Tecnologia da desinformação
Coluna| No arranque...

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Em fase de migração
O Twitter perdeu um quarto dos usuários no Brasil em um ano; mesmo assim, empresa aposta em crescimento por aqui
Por Filipe Serrano e Diogo Antonio Rodriguez, Especial para o ‘Estado’
O Twitter anda em baixa no Brasil. A rede...

Em fase de migração

O Twitter perdeu um quarto dos usuários no Brasil em um ano; mesmo assim, empresa aposta em crescimento por aqui

Por Filipe Serrano e Diogo Antonio Rodriguez, Especial para o ‘Estado’

O Twitter anda em baixa no Brasil. A rede social estagnou e perdeu audiência no País exatamente no momento em que ele fortalece sua expansão internacional com planos, inclusive, de abrir um escritório em São Paulo.

Dados divulgados pela consultoria ComScore na semana passada mostram que o Twitter perdeu 24% da audiência no Brasil em 12 meses. Isto significa que a rede – que foi sucesso no Brasil antes do Facebook se popularizar – hoje tem 3,7 milhões de acessos a menos. Em julho de 2011, a audiência total do site foi de 12,9 milhões de acessos únicos. Um ano depois, o número ficou em 9,7 milhões.

O Brasil é um pioneiro em redes sociais. O Twitter, criado em 2006, demorou mais tempo para se popularizar, mas com adoção de empresas de comunicação, políticos e famosos, ele pegou e continua a ter influência. Depois do Orkut, o Facebook se tornou a maior rede social do País no ano passado. Foi o momento em que o Twitter começou a cair.

“O Twitter não está perdendo importância e nem está havendo diminuição no uso de redes sociais. O que está ocorrendo é uma reacomodação em consequência da expansão do Facebook no Brasil”, diz José Calazans, analista do Ibope Nielsen Online. “Até o ano passado, o Twitter tinha um grande volume de mensagens que eram brincadeiras, memes e outras postagens com o objetivo de gerar reconhecimento entre os amigos. Com o crescimento do Facebook, essas brincadeiras começaram a deixar o Twitter.”

Segundo Calazans, não há indícios de que a queda na audiência ocorra em outros países, o que reforça a tese de reacomodação.

Em comparação com os EUA, fica clara a diferença. Lá, houve um crescimento de 22%, passando de 32,7 milhões de acessos em 2011 para 40,2 milhões em 2012, também de acordo com a ComScore. E na terra natal do Twitter, as previsões são otimistas. A empresa de pesquisa eMarketer estima que a quantidade de usuários ativos chegará a 28 milhões em 2013; em 2010 eram 16 milhões. E a taxa de uso diário também cresce: 8% dos usuários de internet no país estão no Twitter. Há um ano, eram 4%.

Uma pesquisa da consultoria Semiocast coloca o Brasil como segundo país com maior número de contas no Twitter. Elas somavam 40 milhões em julho (de um total de 517 milhões analisadas), mas a participação não é alta. Desses usuários, 40% têm apenas de um a cinco seguidores, o que mostra que os brasileiros não estão falando para audiências muito amplas, se é que estão falando coisa alguma – muitas contas estão abandonadas.

Os dados têm mostrado que o Twitter está perdendo espaço com o avanço de rivais como o Facebook e outras redes de foco mais específico, como Pinterest e Tumblr. A questão é saber se ele terá o mesmo destino do Orkut, que deixou de ser a ferramenta social preferida.

Preciso de um amigo. Procurado pelo Link, o Twitter não respondeu aos pedidos de entrevistas. Mas outros especialistas concordam com a tese da migração. “A principal explicação para essa queda é o crescimento do Facebook”, diz Rafael Venturelli, coordenador de inteligência e performance da agência Remix, especializada em internet e redes sociais.

Para ele, os brasileiros são levados ao site de Mark Zuckerberg pelo fato de ser uma rede com características pessoais: a possibilidade de ser amigo, montar álbuns, bater papo. “As pessoas se sentem mais a vontade em criar o seu cantinho e viver em comunidade com seus iguais”, afirma.

Bia Granja, curadora do festival de cultura digital YouPix, concorda. “Acho que a queda se deve ao fato de o Twitter não ser uma rede focada em relacionamento”, diz. Perceber as reações dos seguidores é difícil. A única certeza de que alguém leu algo que o usuário publicou é um retweet ou um comentário. Um “curtir” no Facebook é mais fácil.

Para Venturelli, outra barreira para os brasileiros pode ser a frieza do microblog: “O Twitter é uma zona. É uma rede mais impessoal e veloz. Lá você não precisa pedir autorização, pode falar com qualquer um, a qualquer momento, e tudo é muito rápido.”

O Brasil, porém, ainda é muito ativo. O projeto A World of Tweets, que calcula a origem das mensagens, atesta isso. O Brasil é o segundo país que mais twittou desde o início da medição, em 2010. Temos 23% dos tweets mundiais, e os EUA, 27%. O adversário mais próximo é a Indonésia, com 11%. “Os acessos podem ter caído, mas a produção continua em alta”, diz Bia Granja.

Desembarque. O Twitter está longe de agir como uma empresa prestes a “subir no telhado”. Em agosto, anunciou que vai melhorar a ferramenta para anunciantes. Será mais fácil direcionar tweets promovidos a um público específico. O eMarketer estima que o faturamento passe dos atuais US$ 260 milhões anuais para US$ 540 milhões em 2014.

O Brasil está nos planos. Há seis vagas de emprego abertas para o futuro escritório que o Twitter deve inaugurar no Brasil, de olho na Copa do Mundo de 2014 e na Olimpíada de 2016.

E se os números podem decepcionar, eles também alimentam as esperanças do Twitter. Na onda da transição da web para o celular, o passarinho vai junto. Em um universo em que um quarto dos 4 bilhões de celulares do mundo são smartphones, o potencial para o crescimento ainda é grande. Metade dos usuários acessa a rede pelo telefone. Nos EUA, 9% de todas as pessoas que têm celulares usam o Twitter, segundo o instituto Pew Internet Research.

Talvez os tweets nunca fiquem tão populares como as possibilidades que o Facebook oferece aos brasileiros. Mas sua vocação de rede de rápida disseminação de informações parece ter seu lugar. “Basta a novela entrar no ar, alguma notícia bombástica acontecer, que todos vão lá contribuir com seus 140 caracteres de opinião”, diz Rafael Venturelli.

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Link - 10/09/2012
Olha o passarinho
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O efeito social ultrapassa os limites do Facebook
* Publicado no ‘Link’ em 3/9/2012.
Pioneirismo do criador do Orkut não bastou
Enfim comecei a ler a biografia do Facebook escrita por David Kickpatrick, O Efeito Facebook. O livro é de 2010 e apesar...

O efeito social ultrapassa os limites do Facebook

* Publicado no ‘Link’ em 3/9/2012.

Pioneirismo do criador do Orkut não bastou


Enfim comecei a ler a biografia do Facebook escrita por David Kickpatrick, O Efeito Facebook. O livro é de 2010 e apesar de dois anos terem se passado, o momento não poderia ser mais oportuno para rever a história da rede social. Hoje, as ações do Facebook valem metade do seu valor inicial, na abertura de capital em maio. E depois de um crescimento extraordinário em todo o mundo, ele enfrenta desafios maiores (leia mais aqui e aqui).

Digo isso porque nos primeiros capítulos Kickpatrick conta a história de outras redes sociais que já existiam no momento em que Zuckerberg e amigos de faculdade passavam a se dedicar ao Thefacebook, lançado em fevereiro de 2004. É curioso observar hoje como ele superou os concorrentes, apesar de não ter sido o primeiro a surgir.

No início de 2004, Friendster e MySpace já se expandiam e faziam sucesso além dos limites das faculdades – foco inicial do Facebook. Porém, o primeiro site a usar o modelo de perfis para se relacionar era bem mais antigo. Chamava-se SixDegrees e foi lançado em 1997 pelo advogado Andrew Weinreich. Seu modelo de unir pessoas em volta de amigos era pioneiro, mas, com uma conexão lenta e poucas câmeras digitais, era impossível subir fotografias no site. Kickpatrick conta que o site considerou a ideia de receber fotos por correio para que fossem escaneadas e publicadas nos perfis dos usuários.

Quando Friendster e MySpace surgiram, em 2002 e 2003, o problema das imagens tinha se resolvido. O Friendster foi a primeira rede social a ter mais de 1 milhão de usuários. Ele também exigia que todos usassem nomes reais. Seu problema foi a instabilidade do serviço, que fez as pessoas se desencantarem. Já o MySpace cresceu permitindo liberdade total. Qualquer nome era aceito e mais tarde, por uma brecha no código-fonte que foi incorporado, os usuários descobriram como enfeitar seus perfis, alterando fonte, layout, cores, fundo de tela, música e, mais tarde, vídeos. A poluição visual tornou os perfis irritantes e, sem amigos necessariamente reais, a socialização ficou em segundo plano.

O Facebook não foi nem mesmo a primeira rede social criada para universitários. A marca é de um site chamado Club Nexus lançado em 2001 pelo cientista da computação turco Orkut Buyukkokten (sim, ele mesmo), que cursava o doutorado em Standford. O site se restringia à universidade, que fica no Vale do Silício. O Club Nexus, escreve Kickpatrick, “provavelmente foi a primeira rede social de verdade lançada nos Estados Unidos”. Ele conta que a rede permitia bater papo, convidar amigos para eventos e procurar pessoas com interesses em comum. Chegou a ter 2,5 mil usuários entre os 15 mil estudantes da universidade.

Orkut se juntou a um colega para tocar o negócio até ser contratado pelo Google. Já na companhia, mostrou a ideia à vice-presidente de produtos de busca, Marissa Mayer, que a aprovou. Virou o Orkut que conhecemos.

Toda essa história é para mostrar que não é exatamente necessário ter uma ideia única e pioneira para fazer uma startup crescer. Muitas vezes a ideia já existe e é aprimorada por outras empresas que seguem uma tendência iniciada por outros. Persistência e decisões acertadas mais tarde se revelariam indispensáveis para o crescimento do Facebook. É por isso que usamos a rede de Zuckerberg e não o SixDegrees, Friendster, MySpace ou o Orkut.

Mas a mesma tendência não se encerra no Facebook. Se há 15 anos não era fácil publicar fotos online, devem surgir tecnologias para compartilhar coisas que nem imaginamos. Tanto que Zuckerberg almeja que tudo possa ser compartilhado automaticamente: filmes a que assistimos, músicas que ouvimos, lugares que visitamos, pratos que comemos, livros que lemos. Já existem redes específicas para todo tipo de coisa.

Não será surpresa, portanto, se em algum futuro próximo o Facebook vier a lançar um óculos digital como o que o Google está desenvolvendo, o Project Glass. E não precisa ser o Facebook ou o Google, mas outra empresa que facilite o compartilhamento de qualquer coisa que vemos e vivemos no dia a dia.

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Link - 3/9/2012
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Link - 27/08/2012

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Proteger empresa com ameaça vai contra princípio da internet
* Publicado no ‘Link’ em 20/8/2012. Craigslist passou a atacar desenvolvedores
Enquanto a disputa judicial entre Apple e Samsung nos Estados Unidos se desenrola, uma outra briga comercial...

Proteger empresa com ameaça vai contra princípio da internet

Craigslist passou a atacar desenvolvedores

Enquanto a disputa judicial entre Apple e Samsung nos Estados Unidos se desenrola, uma outra briga comercial causou burburinho no Vale do Silício nas últimas semanas. Neste caso, os adversários são bem menores: o site de classificados Craigslist e pequenos empreendimentos online que organizam os anúncios de uma forma mais compreensível. A disputa mostra como as próprias empresas de internet pequenas têm dificuldade de acompanhar a evolução tecnológica. E, numa reação autoritária, podem ameaçar o futuro de outro serviço.

O Craigslist tem uma longa história. É um sobrevivente do início da internet comercial e velho conhecido de todos que acompanham a evolução da rede. Criado em 1995 por Craig Newmark, começou com uma lista de e-mails entre entusiastas da tecnologia que publicavam qualquer tipo de anúncio. A comunidade cresceu rápido e Newmark o transformou num site de classificados livre, mantendo o tom altruísta – seu logotipo carrega o símbolo da paz. Só alguns tipos de classificados, como imóveis e ofertas de emprego, são pagos.

Visitar a página do Craigslist – cujo nome oficial se escreve com cê minúsculo – é uma viagem de volta à metade dos anos 1990, no tempo em que o cuidado com visual e facilidade do uso era zero. Ainda assim, se manteve popular seguindo o princípio do fundador.Uma reportagem recente da Wired diz que Craig se descreve como “um nerd com um estilo 1950”. Isso é que o faz ser querido.

Nos Estados Unidos, o Craigslist é o oitavo site mais acessado no ranking medido pela empresa Alexa. No Brasil, não aparece nem entre os 500. Mas seu impacto na internet comercial é histórico.

desorganização do site foi vista como oportunidade para alguns desenvolvedores atentos. Até há pouco não havia problema. Um deles chegou a criar o site PadMapper para colocar ofertas de imóveis sobre o mapa, facilitando a vida de quem procura um lugar para morar. Mas em junho o PadMapper recebeu uma ameaça judicial do Craigslist para retirar os anúncios do ar por infração dos termos de uso. O site contornou a restrição, usando dados da empresa 3Taps, que faz um catálogo dos anúncios do Craigslist e vende esse serviço.

A resposta foi agressiva. O Craigslist processou os dois sites por violação de direitos autorais e de propriedade intelectual. Não bastasse isso, mudou os termos de uso e obrigou todo novo anunciante a aceitar que sua oferta seria propriedade do Craigslist. Dessa forma, poderia licenciar o conteúdo a terceiros, como o 3Taps e o PadMapper.

E não foram só os dois. Outros sites que também usavam a base de dados do Craigslist revelaram que sofreram ameaças judiciais para interromper o serviço assim como eles. Depois que New York Times falou do caso, Craig publicou um post vago sobre trollagem e fez críticas indiretas à cobertura.

A reação foi de espanto. Uma atitude assim não parecia vir do mesmo site que dizia fazer o bem e um dos que encabeçaram a campanha contra as propostas de lei antipirataria, Sopa e Pipa, no início do ano. Houve quem saísse em defesa do Craigslist, mas o site também foi muito criticado. Com a reação, voltou atrás e retirou a exigência de ter propriedade sobre os anúncios. A decisão foi elogiada pela Electronic Frontier Foundation, organização que defende a liberdade na rede, da qual Craig Newmark também faz parte.

É claro que qualquer empresa tem direito de proteger o modelo que a sustenta. Mas para a internet não é tão simples. Muitos negócios surgem de oportunidades para organizar aquilo que já está na rede (o Google é o principal exemplo). Usam o que já existe para criar algo novo e não surgiriam se tivessem de pedir permissão. O modelo do Craigslist não era tão diferente do que um mural de anúncios aberto. Sua proposta nunca seguiu o molde de uma empresa tradicional. O desafio era justamente manter-se relevante para a comunidade que o utilizava. Pode ser que tudo tenha sido só uma trapalhada. Ou o contrário, e realmente o site vai expandir seu lado comercial a partir de agora. Independentemente, já foi um episódio para marcar os seus longos 17 anos.

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Rede desorientada
Para Andrew Keen, que vem ao Brasil esta semana, o lado social das redes é ilusão
Desde que lançou seu primeiro livro em 2007, o empresário britânico Andrew Keen se estabeleceu como um dos principais críticos da tecnologia no Vale...

Rede desorientada

Para Andrew Keen, que vem ao Brasil esta semana, o lado social das redes é ilusão

Desde que lançou seu primeiro livro em 2007, o empresário britânico Andrew Keen se estabeleceu como um dos principais críticos da tecnologia no Vale do Silício. Se no primeiro livro, O Culto do Amador, Keen criticava o conteúdo produzido por usuários amadores, o alvo agora é a superexposição provocada por Facebook, Twitter e outras redes sociais.

Em Vertigem Digital, que chega hoje às livrarias, Keen argumenta que estamos substituindo nosso cotidiano pela vida em uma rede ilusória e digitalizada.

Em uma passagem, ele afirma que as redes sociais nos transformam em pequenos Big Brothers de nós mesmos e que reputação e amizade viraram mercadorias. Uma rede de “milhões de amigos que não sabem os nomes de seus vizinhos”, escreve.

Keen vem ao Brasil esta semana e participa em São Paulo da conferência The Next Web Latin America (dias 22 e 23), onde faz uma palestra na quinta-feira. Ele falou ao Link por e-mail sobre os efeitos das redes sociais.

O que é a “vertigem digital”?
Uso o termo de diferentes formas. Primeiro, é uma metáfora do filme Um Corpo que Cai (cujo título original, ‘Vertigo’, significa vertigem), de Hitchcock, no sentido de que estamos nos apaixonando por algo que não existe. Do mesmo jeito em que no filme Jimmy Stewart se apaixona por uma loira que não era loira, nós também nos apaixonamos por uma internet que tem algo de “social”, mas que não é realmente social. É exatamente o oposto. Vertigem digital também é a sensação de desorientação, resultado das atualizações em tempo real no Facebook e no Twitter.

Qual é o problema das redes sociais?
Ao viver mais e mais em público nas redes sociais, estamos enfraquecendo nosso lado humano, banalizando nosso eu interior, transformando nossos sentimentos e emoções em mercadorias. Quanto mais nos expomos publicamente, mais narcisistas nos tornamos. Como (Michel) Foucault argumentou, a visibilidade é uma armadilha. E em nossa era de hipervisibilidade, ela é uma hiperarmadilha.

Vê algo de valor nelas?
Sim. No Twitter, onde eu sou @ajkeen, posso atacar a mídia social.

O Brasil é um dos países com mais usuários de redes sociais. Por que atraem tanta gente?
A mídia social é um tipo de narcótico. Quanto mais a usamos, mais ficamos dependentes dela. Há um claro crescimento do vício nas redes sociais, tanto no Brasil quanto em qualquer outro lugar.

Desde que Facebook, Zynga e LinkedIn abriram capital, suas ações só caíram. O lado “social” da web não conseguiu se estabelecer como negócio?
Não é verdade. Acho que a mídia social é uma grande coisa. O Facebook ainda vale US$ 60 bilhões, o que é uma incrível e ridícula quantidade de dinheiro para uma startup. O LinkedIn continua a operar bem. O Twitter deve abrir capital nos próximos anos e deve receber uma valorização de bilhões de dólares. Grandes empresas têm feito aquisições recentemente. Não é uma bolha. É o futuro da forma como nos comunicamos, em uma rede cada vez mais onipresente.

Você diz no livro que a rede social está substituindo a vida. Não é exagero?
Não é. No livro, eu cito o personagem Sean Parker do filme A Rede Social, que diz: “Primeiro nós vivíamos em aldeias, depois em cidades, e agora vamos viver na internet”. Acho que ele está certo. No século 21, nós vamos viver na internet. Este será o lugar em que difundimos nossas identidades. Mesmo nosso estado físico vai se espelhar em nossa identidade digital.

Hoje há muitos críticos da ideia de que a tecnologia melhoraria o mundo. A utopia tecnológica está acabando?
Há um grupo de pessoas muito inteligentes – Nicholas Carr, Sherry Turkle, Jaron Lanier – que critica a utopia tecnológica. É uma evolução excelente. Precisamos de mais debates sobre os temas que estão mudando a sociedade e a identidade no século 21. O que une esses críticos, e me incluo nisso, é que todos acreditaram na utopia no passado, mas se tornaram céticos em relação aos benefícios da revolução digital. E ainda assim nenhum de nós é ludita. Não queremos voltar à era analógica. Mas defendemos uma atitude mais moderada e equilibrada em relação ao impacto da tecnologia.

É possível ter privacidade na mídia social?
É, mas Google e Facebook têm de abdicar do seu modelo de negócio, em que nos dão a tecnologia “de graça” e nós lhes entregamos nossos dados pessoais que eles vendem aos anunciantes. Esse modelo não funciona. Nós precisamos começar a pagar por nossas redes sociais. Quando isso ocorrer, então poderemos confiar nelas.